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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Horda Selvagem(Recorte do Livro "A família em desordem" de Elisabeth Roudinesco

Em uma época primitiva, conta Freud adotando o estilo de Darwin, os homens viveram no seio de pequenas hordas, todas submissas ao poder despótico de um macho que se apropriava das fêmeas. Certo dia, os filhos da tribo, numa rebelião contra o pai, puseram fim ao reinado da horda selvagem. Num ato de violência coletiva, depois do assassinato, sentiram-se arrependidos, renegaram seu crime e inventaram uma nova ordem social ao instaurarem simultaneamente a exogamia, o interdito do incesto e o totemismo. Foi este o alicerce lendário comum a todas as religiões, e sobretudo do moneteísmo.
Nessa perspectiva, o complexo de Édipo, segundo Freud, não é senão a expressão dos dois desejos recalcados - desejo de incesto, desejo de matar o pai contidos nos dois tabus próprios do totemismo: interdito do incesto, interdito de matar o pai-totem. O complexo é portanto universal, uma vez que é a tradução psíquica dos dois grandes interditos fundadores da sociedade humana.
Mais além do complexo, Freud propõe, como totem e tabu, uma teoria do poder centrada em três imperativos: necessidade de um ato fundador(o crime), necessidade da lei(a punição), necessidade da renúncia ao despotismo da tirania patriárquica encarnada pelo pai da horda selvagem.
O homem freudiano para ser civilizado e satisfazer a mulher, deve controlar a sexualidade selvagem que herdou do pai da horda, e rejeitar a poligamia, o incesto, o estupro. Deve aceitar o declínio de seu antigo poder.

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